Escalada em rocha no Chile | + neve e água caliente | Rio Caminhadas.com.br

Escalada em rocha no Chile | + neve e água caliente

Marcio chegou para nos buscar às 8h30. Ocuparam a van (US$ 22 cada): Amanda, Claudio, eu, Julio, Hans (nosso professor), João e Marcia (que chegaram no domingo). Anne não quis ir novamente, já que a primeira experiência não foi boa pra ela. Paramos em um mercado para comprar bebidas e comida (na estação de esqui tudo é muito caro) e em uma loja de aluguel de equipamentos. Aluguei óculos, luvas, bastões e esquis por 18000 pesos, um pouco mais de R$ 60. Peguei emprestada a calça impermeável da Anne e levei meu casaco, também impermeável. A van foi serpenteando a estrada até o Valle em uma paisagem espetacular. Só o passeio já vale à pena. Chegamos e iniciaram as instruções.

Gostei do esquema que o Marcio sugeriu para ficarmos bem quanto à comida e bebida. Cada um levou uma mochila pequena com seus mantimentos. E foi essencial. Apesar da neve toda, suamos muito e o negócio cansa.

Pagamos US$ 50 (homens) para utilizarmos a estação de esqui, mulheres pagaram metade. Na prática isso dá direito a utilizar os teleféricos para subir ao início das pistas e alguma assistência em caso de problemas.

Hans montou a escolinha do tio Rauschmayer e lá fomos nós mais desajeitados que passarinho aprendendo a voar. Na minha primeira escorregada perdi o esqui com bota e tudo 😀 Não a fechei completamente e o conjunto desceu suavemente pista abaixo sozinho. Hans foi resgatá-los, enquanto fiquei com um pé só de meia ali na neve. O mais engraçado, segundo o alemão, era a cara de quem o via subindo, trazendo na mão um esqui com uma bota 😀 Claudio já havia esquiado, não teve problemas. Hans era nosso instrutor, deu show. O restante dos mortais penou. Amanda um pouco menos, pois esquiou alguns dias antes. Para encontrar João bastava procurar um ponto vermelho caído na neve. Julio tinha os joelhos duros, curva era uma temeridade. Marcinha não conseguia ficar mais de dois minutos em cima dos esquis. Eu, depois de tanto cair e ficar dolorido de tão tenso, tentando fazer curvas, adotei uma técnica suicida. Controlava o medo, deixa o corpim molim e brhuáááááaá, descia tentando desviar de quem tivesse na frente. Quando já estava cansado de tanto descer na mesma pista, resolvi partir para um desafio maior, fomos para o Camino Bajo 😉 Chamei Amanda, Julio e Marcia, que estavam ali por perto. Subi o teleférico – que não acabava nunca – com Amanda, aguardamos a Marcinha, que chegou logo depois, e desistimos de esperar o Julio, que contou a história depois: Quando ele chegava todo desajeitado para subir o teleférico a moça responsável falou a frase mágica “-Tem certeza…?”. “Tem certeza que vai subir? Lá em cima é mais difícil”. Um ponto de exclamação saltou da sua cabeça, ele se tremeu todo, passou a mão nas costas, ainda ardendo e resolveu não ir. A lição em Las Chilcas ensinou bem.

Astronautas

Escolinha do Tio Hans

Um ponto vermelho na neve: João

Muuuito mais difícil que escalar

Mas uma hora…

… a gente pega o jeito! 😀

Besourão

E sobe pra descer

 

Enquanto isso Amanda e eu nos adiantamos na pista, Marcinha foi ficando pra trás. Logo abaixo Amanda também ficou. Quando olhei pra trás as duas já estavam distantes, continuei descendo usando a técnica suicida… Em uma parte mais íngreme encontrei João, sentado na neve, com a mão no queixo e olhando pra baixo:

– Tá com medinho, tá?

– Tô!!! 🙁

 

Acompanhei o teletubbie por alguns metros e fui embora. Cheguei ao final da pista, após algumas quedas espetaculares e algumas dicas de almas bondosas de como tirar a neve das botas, peguei o teleférico e sentei na área onde ficam as lojas e a lanchonete. Algum tempo depois, João apareceu com o olho arregalado, sedento, tanto que pagou US$ 3 por uma garrafinha com menos de meio litro de água. Ficamos por ali olhando o movimento, as pistas, a neve… Até que Amanda apareceu, tooooda molhada, com neve até na alma de tantas quedas e elogiando a senhora minha mãe por eu tê-la convidado para subir naquela pista 😀 Conversou alguma coisa e foi para a van, passando por Julio grunhindo sons guturais, que só conseguiu entender “Claudney… filho…ta”.

E a Marcinha??? Quando o sol começou a se despedir, eis que chega Claudio, com dois bastões extras e Hans, trazendo agarrada em si a menina desgarrada. Marcia falou que os dois pareciam miragens no momento de desespero em que ela estava. Foi resgatada e finalmente conheceu a sensação de se manter sobre os esquis e olhar a paisagem ao mesmo tempo.

No final todos voltaram vivos. Marcio nos deixou no Patio Bellavista, um lugar bem interessante, com restaurantes e lojas de souvenir. Todas as histórias de nossa chegada em Santiago até ali foram jogadas na mesa, enquanto a comida não chegava. Rimos até chorar 😀

Fomos andando para o hostel e encontramos Anne. Claudio voltou para o Brasil nessa noite e foi substituído por Bernardo, que chegou na madrugada, enquanto o papo rolava entre várias nacionalidades no saguão do hostel. Lá pelas 4h da madrugada o cansaço venceu e fomos dormir.

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