Escalada móvel no Frey | Odiamos amar a Argentina | Rio Caminhadas.com.br

Escalada móvel no Frey | Odiamos amar a Argentina

14 Jan – Quinta-feira

Amanheceu ventando muito. Pensei em mais um dia perdido, mas, não mais que de repente, o vento parou.
Claudio e Alessandro foram para a Agulha Principal, o primeiro estava com uma tara nessa agulha desde que chegou. Mauro e eu fomos para a Agulha Frey. Primeiro entramos no Diedro de Jim. Sem vento é uma delícia, principalmente a segunda enfiada. Uns 15 m de entalamento de mãos perfeitos. Quando estávamos na primeira parada, Mauro diz: “Olhaí, vem um cara sem capacete.” Daí olho e completo: “Sem capacete e sem mais nada, o cara tá solando.” Era um americano, perguntou se podia passar, dissemos que claro, e ele continuou.

Início do Diedro de Jim

O cara queria subir leve

Mauro, no início da segunda enfiada

A fenda final de frente

Cume!

Cume, de longe 🙂

 

As duas cordadas que estavam na nossa frente já haviam terminado e a outra que estava atrás começou a subir. Fizemos a fenda final e cume! Rapelamos com uma corda dupla até a base e fomos para a Sifuentes Weber (5+). Guiei a primeira e a última enfiada, Mauro o miolo. A segunda me fez sangrar. Nessa enfiada é bom economizar peças quando possível, pois é bem longa. Ao invés de descer por trilha, como sugere o guia, rapelamos – com corda dupla – do cume até P3, – que fica no início da fenda final – e de lá pela direita da via, até chegarmos próximo da base do Diedro de Jim. Preferimos rapelar por dois motivos: vimos uma cordada de três escaladores locais fazendo isso. O outro motivo é que a “bajada facil” ou “destrepada facil” sugeridas pelo guia podem se transformar em verdadeiros perrengues. As histórias que ouvimos comprovam isso. Gente achando que iria morrer e tudo mais.

Primeira enfiada da Sifuentes Weber

E a enfiada final

Cume!

Laguna Schmoll

 

Desequipamos e começamos a descer. Encontramos Claudio subindo a trilha, procurando escalar alguma coisa. A tentativa na Agulha Principal foi frustrada. Não encontraram a base da via. Atravessaram campos de neve, Alessandro tremeu com medo de gretas, escalaram mais uma via que não era via, fizeram esquibunda e voltaram. O dia estava perfeito. Um mergulho na laguna foi um convite. Claudio aceitou, nadamos até o meio e voltamos, sem sentir nenhuma parte do corpo 🙂 Ficou tudo dormente. PH, vendo aquelas estripulias, se aprochegou e perguntou se éramos brasileiros. Éramos 🙂 Ele mora no Rio e temos uma amiga comum. Havia chegado naquele dia, com os joelhos latejando da bendita trilha. Ficamos por ali na margem do lago por um tempo e fomos cozinhar. A noite chegou sob conversas, cervejas e partidas de xadrez. Jogamos o sono no saco de dormir e encerramos o dia.

 

15 Jan – Sexta-feira

Foi o dia com clima perfeito! Claudio perseguiu sua tara pela Agulha Principal. Mauro e eu fomos para a Agulha Abuelo. Como falei antes, o guia é pobre, varamos um campo de lengas e procuramos a base da Ñaca Ñaca Crush Crush (5). Chegamos onde achávamos que era e começamos a subir. Mauro iniciou a brincadeira e fomos alternando. A via consta como três estrelas no guia – a conceituação máxima –. O que significa que seria uma das melhores. Mas não achei tão especial, diferente das duas do dia anterior, também três estrelas. Seguimos a sequência de platôs meio em dúvida se estávamos na via certa, e se estivéssemos, se aquela era a linha certa, até chegar ao teto que dá acesso ao cume da Agulha. Mauro entrou e protegeu com dois Rock empire, um #6 e um #7, costurou um píton e dominou o teto. Repeti os malabarismos, arrastei a mochila e cume! De lá vimos condores voando. Escaladores na Agulha Principal e alguns loucos que montaram um slackline da M2 para a Abuelo. Fizemos os 20 m de rapel e caminhamos até a base da via, para resgatarmos a mochila do Mauro e nossos calçados. Continuamos a trilha de volta para o abrigo, dessa vez sem atropelar as lengas. Foi nosso último dia de escalada.

Essa ficou boa!

Tetão final!

Cume!

O povo é corajoso

Muito!

O intervalo tem cheirim de macarrão…

 

Durante a manhã mudei também para o abrigo, pois no sábado Mauro e eu baixaríamos para Bariloche às 5h da madrugada. Claudio ficaria mais um dia. Desmontamos a barraca, arrumamos as mochilas e depois do banho e jantar fomos para o abrigo. Claudio e PH chegaram ao cume da Agulha Principal. As fotos que Mauro tirou dos escaladores no topo eram deles 🙂 A noite caiu, nos despedimos dos dois e subimos para um abrigo lotado, mas silencioso.

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